LINHAS DE CRIAÇÃO


LUTO é uma criação de Rui Neto, que surge de um convite de Jean Paul Bucchieri [programador da Sala Experimental do CTA] para integrar o ciclo Sala Experimental no Teatro Municipal de Almada em Abril/Maio 2012. O processo de criação é desenvolvido em work-in-progress. A escrita instalou-se como um dos primeiros passos. Assim deu-se um corpo de papel a pensamentos e estados de alma que me inquietavam. A experimentação de materiais, o levantamento e criação de universos cénicos vai ser um processo acumulativo que irá acompanhar esta criação ao longo das apresentações públicas previstas. Trata-se de abandonar o corpo papel a passar para o corpo carne, um corpo comunicante e orgânico que irá desenvolve-se com a própria experimentação.

Associamos o luto, à morte. Para mim, prefiro associá-lo a estratégias de sobrevivência, mesmo que algumas se percam em memórias, sonhos e pensamentos circulares. Quem sou eu amanhã? Como continuar isto, nisto, depois disto? [seja isto o que for... ]. Um LUTO que é feminino: Luta! É fertil, tem ganas, tem vida! Pode ser um manifesto artístico? Pode. Pode ser apenas um desabafo? Pode. Pode não fazer sentido nenhum. Pode. É o absurdo que as palavras contêm, como se fossemos totalmente livres: de agir com elas, de fazer agir, de provocar, de decidir, de nos avaliarmos e nos pormos em causa, livres para errar e voltar a errar, ate descobrir que é esse o caminho, mesmo que não haja saída, mesmo que estejamos enterrados até à cintura, mesmo que sejam só palavras...